É pena que
muitos limitem a educação sexual à informação sobre o funcionamento da
fisiologia ou da higiene da sexualidade. São coisas inquestionavelmente
necessárias, mas não são as mais importantes e, acima de tudo, são coisas que
hoje quase todos já sabem de sobra.
Em
contrapartida, o autodomínio do apetite sexual e, por conseguinte, da
imaginação, do desejo, do olhar, é uma parte fundamental da educação da
sexualidade a que poucos dão a importância devida.
- E por que
razão lhe você dá tanta importância?
Se não se
conseguir essa educação dos impulsos, a sexualidade, como qualquer outro
apetite corporal, atuará a nível simplesmente biológico, e então será
facilmente presa do egoísmo típico de uma apetência corporal não educada. A
sexualidade expressar-se-á de forma parecida a como bebe e come ou se expressa uma
pessoa que quase não recebeu educação.
Necessitamos
de um olhar e de uma imaginação treinados para considerarmos as pessoas
enquanto tais e não como objetos de apetite sexual. Por isso, quando na
infância ou na adolescência se introduzem as pessoas num ambiente de freqüente
incitação sexual, comete-se um grave dano contra a afetividade dessas pessoas,
um atentado contra a sua inocência e a sua boa fé.
- Não
exageras um pouco?
Ainda que
pareça demasiado forte, penso que não exagero, porque tudo isso tem algo de
atentado contra um inocente. Romper nesses rapazes e raparigas o vínculo entre
sexo e amor é uma forma perversa de quebrantar a sua honestidade e a sua
sensatez, tão necessárias nessa etapa da vida. Os primeiros movimentos e
inclinações sexuais, quando ainda não estão corrompidos, têm uma mescla de
entusiasmo, de amor puro, de juventude.
Irromper neles com a mão grosseira da sobre-excitação sexual danifica torpemente a relação entre rapazes e raparigas. Nas palavras de Jordi Serra, "não se maltratam atando-os com uma corda, mas escravizam-se submergindo-os num mundo irreal".
Como
escreveu Tihamer Toth, a castidade é a pedra de toque da educação da juventude.
Pela intensidade e veemência do instinto sexual, esta virtude é das que melhor
manifestam o esforço pessoal contra o vício. Talvez por isso a história seja
testemunha de que o respeito à mulher sempre tenha sido um índice muito
revelador da cultura e da saúde espiritual de um povo.
Autodomínio
sobre a imaginação e os desejos
Tal como o
uso inadequado do álcool conduz ao alcoolismo, o uso inadequado do sexo provoca
também uma dependência e uma sobre-excitação habitual que reduz a capacidade de
amar.
E, de maneira semelhante, tal como o paladar se pode estragar pelo
excesso de sabores fortes ou picantes, também o gosto sexual estragado pelo
erótico se torna cada vez mais insensível, mais ofuscado para perceber a
beleza, menos capaz de sentimentos nobres e mais ávido de sensações artificiais
que com facilidade conduzem a desvios estranhos ou a aborrecimentos máximos.
Alimentar o instinto sexual em demasia leva a um funcionamento anárquico da
imaginação e dos desejos.
Quando uma
pessoa adquire o hábito de se deixar arrastar pelos olhos, ou pelas suas
fantasias sexuais, a sua mente tenderá a uma carga de erotismo que disparará os
seus instintos e lhe dificultará conduzir a bom porto a sua capacidade de amar.
- E não
haverá outra solução senão reprimir-se?
Penso que
não é uma questão de reprimir-se, mas antes de direcionar bem os sentimentos.
Basta que a vontade se oponha e se distancie dos estímulos que resultam
negativos para a própria afetividade.
É preciso travar os arranques inoportunos
da imaginação e do desejo, para assim ir educando essas potências, de forma a
que sirvam adequadamente a nossa capacidade de amar. Entender isto é decisivo
para captar o sentido desse sábio preceito
cristão que diz: não consentirás em pensamentos nem em desejos impuros.
cristão que diz: não consentirás em pensamentos nem em desejos impuros.
Quem se
esforçar nessa linha pouco a pouco aprenderá a conviver com o seu próprio corpo
e com o dos outros, e tratá-los- á como merece a dignidade que possuem.
Gozará
dos frutos de ter adquirido a liberdade de dispor de si e de poder entregar-se
ao outro. Viverá com a alegria profunda de quem desfruta de uma espontaneidade
madura e profunda, na qual o coração governa os instintos.
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